sempre adorei viajar e conhecer lugares e culturas diferentes. e ter conquistado minha independência e estabilidade financeira muito cedo ajudou bastante, claro. mas viajar não é algo intangível como as pessoas pensam. muita gente diz “quem me dera…” mas coloca dificuldade para tudo. a culpa às vezes é da falta de dinheiro, às vezes dos filhos... o certo é que para pessoas acomodadas sempre vai haver uma desculpa. mais que tudo, é preciso querer. querer mesmo. como em tudo na vida, temos que fazer escolhas para que uma grande viagem aconteça. e, quase sempre, optar implica deixar de ter ou fazer coisas de que gostamos em nome de um objetivo maior: no caso, conhecer o mundo, viajar. optamos por não ter um apartamento luxuoso mas também não moramos mal. optamos por não ter uma babá mas isso nos proporciona um contato muito mais próximo com nosso filho e até uma maior cumplicidade entre nós, pais. nas viagens, optamos por ficar em hotéis mais modestos, andamos de transporte coletivo, vamos a restaurantes caros apenas excepcionalmente. nunca viajamos com pacotes de agências de turismo. mas isso também nos propicia um maior contato com a verdadeira cultura local e não só aquela falsa imagem turística.
ontem mesmo, conversava com umas colegas de trabalho sobre o assunto, quando alguém perguntou: “mas e seu filho? ué, ele vai junto.” viajar com criança, realmente é diferente, mas isso não significa que não é legal, muito menos que é impossível. cortamos saídas noturnas, temos um ritmo menos acelerado, incluímos passeios infantis. mas nada que não fazemos aqui mesmo em fortaleza.
trabalhando no aeroporto, tenho percebido vários estrangeiros viajando com os filhos pequenos, às vezes 3 ou 4, e nunca com babás ou ajudantes. só o pai e a mãe. questão de cultura. a classe média europeia não está acostumada com a moleza. toda pessoa normal que se preze arruma sua própria casa, pilota o fogão, caminha até a padaria para comprar o seu próprio pão e enche o tanque de gasolina com as próprias mãos. babá? só para as emergências e por algumas horas. é o preço que se paga por conviver com algo totalmente desconhecido no nosso país: a ausência do absurdo abismo social e, portanto, da mão de obra barata e disponível para qualquer necessidade do dia a dia. o estilo de vida do brasileiro acaba gerando stress, amarras e muita complicação como efeitos colaterais. se a pessoa fica um dia sequer sem babá, não sabe o que fazer com as crianças. viajar com elas, então, vira coisa do outro mundo.
desde o início, eu e lu combinamos que nosso filho se adaptaria ao nosso estilo de vida e não o contrário. vem dando certo. já falei aqui como o caio é aventureiro, como se comporta bem nas nossas viagens e como curte cada uma delas. cercar uma criança de cuidados extremos impede que ela desenvolva a capacidade de se adaptar às situações adversas. pelo menos é o que eu penso. e um dos meus maiores desejos para meu filho é que ele viaje muito, conheça o mundo, voe.
também não quero dizer aqui que todos tem a obrigação de gostar de se aventurar pelo mundo. mas todos temos por obrigação deixar de encontrar desculpas para não sermos felizes. mais que dinheiro, é preciso vontade para tomar as decisões que permitam partir. optar. porque viajar não é coisa de ricos, e disso eu posso falar.
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esse post vai para várias pessoas mas, principalmente, para um amigo que vive me fazendo perder a paciência com a velha ladainha de que a minha vida é mais fácil que a dele. porque a mulher não trabalha, porque o filho é pequeno, porque esta cheio de dívidas, porque, porque, porque... sim a vida dos outros é sempre melhor para quem quer uma desculpa.
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sair da sua zona de conforto é saudável e pode ser extremamente divertido.
aventurar-se vale a pena.
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